31 de mai. de 2009

Dani Gurgel é a primeira brasileira no Artist Share

Think Tank 4 - Parte 2: "ArtistShare é o novo modelo? O marketing do Radiohead só vale pro Radiohead?" from yb music on Vimeo.



Eu estava acompanhando o Think Tank da YBMusic pelo Twitter quando apareceu um post sobre uma brasileira que estava gravando seu disco pela Artist Share. Como eu sou fã do modelo de negócio deles – acho que é algo viável e muito benéfico para os artistas brasileiros – resolvi entrar em contato com ela para saber exatamente como é que funciona. Achei-a pelo Twitter e acabei entrevistando-a por e-mail. Por conta da agenda corrida da Dani Gurgel, muitas dúvidas ainda não foram esclarecidas para mim. Adoraria perguntar bem mais, mas não posso pedir mais dela no momento.

Lá vai a entrevista:

1) Primeiro acho importante conhecer o que você já fez até aqui, composições, gravações, shows, parceria etc.

Como instrumentista, fui saxofonista por muito tempo, participando de big bands com o Zimbo Trio e regida pelo Roberto Sion.

Como cantora, fiz uma temporada de shows em 2007 que calcou tudo que faço até hoje: "Dani Gurgel e Novos Compositores".

Nessa temporada, convidava compositores que tivessem no máximo um único disco gravado pra participar do show. Meus dois últimos discos tiveram músicas desses compositores e minhas, apenas; assim como esse disco novo no qual eles participam cantando ou tocando seu instrumento

2) O modelo de negócio do Artist Share, no qual o fã financia o artista, sempre me pareceu uma excelente opção para qualquer artista que já tenha um público ou que tenha uma presença forte na rede. Não há necessidade de intermediários entre artista e público nesses tempos digitais.
No seu caso, o que é que você já fazia para se conectar com seus fãs na internet?

Sempre fiz questão de ser muito presente mandando e-mails, novidades, etc. Às vezes nem precisa ser sobre um show, e sim sobre vídeos novos no YouTube, etc. Já passei por diversos sistemas. Usava programas de mailing, mandava na mão, e um dia resolvi usar o ReverbNation, onde eu piloto minha lista de quem ainda não comprou o AGORA até hoje.

3) Como você foi contatada? Você se ofereceu ou foram eles que te procuraram?

Eles tinham meu disco, e me procuraram pra gravar esse meu novo disco nesse formato.

4) Pelo que eu li no site, existem três tipos de artistas que têm diferentes serviços e possibilidades dependendo do numero de fãs: Performer, menos de 1000 cadastrados, Session Producer, entre 1000 e 5000 e Professional, mais de 5000. Você está gravando um álbum, o que só é permitido ao nível mais alto. Há quanto tempo você está “pescando”esse público? Quantos cadastrados você tem?

Já entrei no ArtistShare com mais de 5000 pessoas na minha lista, o que ajudou no convite pra lançar esse disco como Professional.
Hoje concilio duas listas de e-mails. A minha antiga, e a de quem já comprou o disco.

5) Como foi que você chegou nesse patamar? Quais são os serviços e funcionalidades que o Artistshare dá ao artista para que ele possa cadastrar os fãs e ter direito de realizar projetos?

Não posso falar muito, pois eu construí minha base antes de entrar no ArtistShare.
Mas estamos sempre preocupados em fazer com que as pessoas se inscrevam na lista, é um dos nossos objetivos nesse projeto.

6) Você paga alguma coisa pelos serviços deles além de uma percentagem das vendas e pré-vendas? Quanto? Qual a percentagem deles?

Eles me oferecem os serviços deles a preços especiais pra artistas. Aí depende de que serviços você usa, como Publicidade, RadioShare, etc.
Todos os valores dependem do seu projeto.

7) Quais diferenças foram mais marcantes para você entre o modelo de negócio do Artistshare e o dos outros selos?

Nunca trabalhei com outros selos. Mas só entrei no ArtistShare porque é direcionado a artistas que cuidam da própria carreira.
A vantagem de ser artista independente (como continuo sendo), é tomar suas próprias decisões.

8) Eu tenho acompanhado suas gravações pelo Twitter e vi que a coisa está de vento em popa, com muitos músicos, muitos arranjos sofisticados. Você está conseguindo se financiar através dos fãs ou está se bancando?

Temos patrocínio da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com o ProAC. Essa verba será complementada com o que o público já comprou, e dificilmente a soma liquidará o disco todo.

9) Existe o risco de um disco não sair se não conseguir se financiar com os fãs? Ou alguém assume o risco? O Artist Share garante alguma coisa?

Sempre existe esse risco, e eu assumo essa responsabilidade junto a eles. Quem garante sou eu para o ArtistShare, em contrato com penalidades, para que eles garantam que terá disco para quem compra.

10) Para cada projeto há pacotes diferentes? Quem criou as categorias de financiamento e como foram calculados os valores do seu projeto? Quais são os pacotes para financiar o seu trabalho?

Foram criadas por mim em cima de uma sugestão deles para o meu projeto.
Temos muitas categorias, algumas das mais interessantes são o Participante Bootleg, no qual você acompanha virtualmente todos os nossos shows de 2009, o Participante Bronze, que tem o nome na capa do disco, e o MP3 simples, que é a opção mais barata e que, como todas as outras, dá um ingresso pro show de lançamento no Auditório Ibirapuera, dia 12 de Setembro.

12) Você está satisfeita com o site?

Sim

13) Você acha que um modelo assim é viável no Brasil?

Sim, para artistas que não esperem um conto de fadas, e que não contem apenas com essa verba pra começar o disco.

14) Você tem idéia de quantas pessoas já pré-compraram o Agora e em quais formatos?

Já temos três participantes Bronze, acho que essa é a informação mais bacana, né?

15) Uma última pergunta, se não te incomodar: quem é o responsável pelas filmagens e pela formatação para a internet, você ou o Artist Share?

Quem faz tudo sou eu. Gravo os vídeos, edito, legendo e coloco, seguindo um cronograma que estabelecemos juntos.

27 de mai. de 2009

Twitter se transforma em base de distribuição de música

Para quem já leu esse post, vale a pena ler os comentários porque eu acabei de colocar a teoria na prática. Vocês vão poder acompanhar os progressos em real time.

A partir de agora as bandas já podem enviar suas canções para zilhões de pessoas mundo a fora através do Twitter.

Basta se cadastrar no FileTwt É claro que não precisa ser só música. Qualquer arquivo pode ser enviado. Você ainda pode decidir se o seu compartilhamento é público ou privado e te dá a opção de escolher para quem enviar.

Agora, um vazamento de um CD de uma grande estrela pode se espalhar mundialmente antes que alguém possa soletrar RIAA - Recording Industry Association of America, a maior batalhadora pelo controle da distribuição na internet, aquela que processa os fãs que baixam música.

26 de mai. de 2009

A Maravilhosa História do Teatro Mágico - 1ª parte



Gustavo, o empresário do Teatro Mágico e irmão do Fernando Anitelli - compositor e cantor da trupe circense/musical -, vai nos contar em capítulos a bem sucedida história deles. Talvez a mais impressionante carreira alternativa do país. Eu só li o primeiro capítulo e já estou muito curioso para saber como a aventura continua.

"Há pouco tempo atrás tomei contato com este blog através de colegas de bandas independentes do Paraná – em especial, o pessoal da banda “Nuvens”. Participei de um seminário sobre comunicação livre, e lá procurávamos encontrar agentes na música que pudessem ter um discurso parecido conosco; a afirmação de um modelo alternativo à cadeia atual monopolista da música....pois bem aqui estou eu.

Nesta difícil tarefa de resumir em um texto a conjuntura da música nacional e internacional, e nós dentro disso tudo, vou contar a primeira parte desta história, quando decidimos se era a pílula azul ou a vermelha.


Há 15 anos eu era uma criança, ainda não havia entrado na adolescência, já era muito próximo de Fernando, meu irmão, figura que futuramente eu iria empresariar no ramo musical. Naquela época, me lembro de participar de algumas viagens com a banda dele, meu pai sempre nos acompanhava, eu de longe também ouvia as histórias que enchiam todos de esperança: “o cara é amigo do primo de um funcionário da Globo!!!”, “disse que vai levar nossa fita para a produção do Faustão!!!” ; “O produtor deste show disse que não tem cachê, mas que pode nos apresentar para um locutor da radio 89FM!!!”

Eram estas notícias que alimentavam nossos sonhos, nos mantinha aquecidos para uma possível oportunidade, e assim vivíamos a ingênua ilusão de que, um dia, seríamos premiados com um contrato em uma gravadora, como um presente que viria do céu, que nem um disco voador, um estrela cadente, um eclipse da lua e de marte ao mesmo tempo, o tipo de coisa que só acontece uma vez na vida, em 1 milhão de vidas.

Bem, vivemos assim durante cerca de 8 anos, esperando, esperando, esperando, esperando...até que a esperança foi ficando lá trás. Após perder dinheiro na mão de picaretas dizendo que tinham contatos, que nos levariam para turnês no exterior - pasmem, meu pai desesperado colocou a mão no bolso pra isso -, depois de uma série de engodos, o fato era que a gravadora não contratava mais quem não tivesse o investimento inicial no Álbum, o amigo do primo que trabalhava na Globo era só um auxiliar administrativo da segurança e disco voador não existia .....estava tudo acabado, não havia mais espaço para gente nova e sem dinheiro na música brasileira.... até que uma pequena luz no fim do túnel se acendera: uma gravadora aceitou gravar as músicas de Fernando!

No inicio comemoramos muito, era a entrada no “ main stream”, fomos gravar no Beebop. Chegamos por lá e nos disseram que o Zezé de Camargo tinha saído há pouco tempo porque estava gravando uma música lá também!!! Meu Deus, a gente nem gostava de sertanejo, mas estava de igual pra igual ali.

Este foi nosso segundo erro ingênuo, o primeiro foi ficar esperando o contrato de uma gravadora, o segundo foi assinar.
Depois de alguns dias e algumas horas de estúdio o dono da gravadora avalia que nossa música estava brasileira demais, a moda que estava começando a pegar era o ska, e portanto, teríamos que refazer tudo. Fernando, na sua inocência e coragem, não entende e não aceita modificar todos os nossos arranjos de uma hora para outra - e o dono da gravadora cancela o projeto.

Mas a novela não acaba aqui, o pior ainda estava por vir. O que foi mais dolorido foi, na assinatura do contrato com a companhia, com toda a empolgação, demos todos os direitos de todas as músicas que Fernando poderia gravar nos próximos 5 anos, ou seja, além de acabar com todas as nossas esperanças, Fernando ainda ficou trancado, silenciado, sem poder sequer fazer um CDzinho demo pra mostrar pros amigos.


Isso criou as bases para o nosso pensamento, perseguimos por anos respostas para um sistema engessado, onde os definidores da música são os atravessadores, negociantes de terno e gravata. Foi a partir deste tombo que chegamos a seguinte conclusão: Independência ou morte! Não vamos mais depender de contato de rádio, gravadora, TV, empresário. Chega, acabou, vamos começar a estabelecer um contato com 1 agente somente, o público, é ele que importa, é ele quem interessa!!!!


Vou continuar a história no próximo post. Por enquanto, o leitor que não conhece nosso trabalho só esta tomando contato com mais uma lenda urbana social comum em cada esquina. Posteriormente vamos narrar como que, a partir disso, pudemos vender mais de 160 mil cópias de nosso CD enquanto estas mesmas gravadoras vendem 30, 40 mil de seus principais artistas. Também vamos narrar como podemos colocar 6 mil pessoas em um show de bilheteria, sendo que estes mesmos empresários não conseguem colocar 1500 pessoas - depois de muito jabá pago.
"

Para conhecer um pouco do som da banda:

Ana E O Mar - Fernando Anitelli - O Teatro Mágico

25 de mai. de 2009

Dicas de como as bandas podem usar o Twitter


por Biz Stone, co-fundador do Twitter

Faça do seu @nome seu cartão de vistas

Atrair seguidores é uma parte importante para se ter um perfil bem sucedido no Twitter. Promova seu nome na assinatutra do seu e-mail, em lugares onde mencionar sua presença na rede for ajudar e até em camisetas. Interagir com os fãs através de Replies mostra um certo nível de engajamento que é atraente para quem consider ate seguir.


Poste de forma espontânea


Ao contrário do blog do artista onde só faz sentido dividir as notícias mais importantes ou os posts mais divertidos, no Twitter não há necessidade de esperar por algo realmente importante – se os fãs estão te seguindo ele querem saber de tudo que acontece com você.
O Twitter é uma forma simples e leves dos artistas participarem pessoalmente – e na maior parte das vezes são os próprios artistas postando.

Tweeter para música


Músicos podem se beneficiar do Twitter de uma forma que quase nenhum outro tipo de usuário pode. Lançar faixas exclusivas pelo Twitter é muito interessante. É especialmente útil em shows para a comunicação de um grupo. Se um artista participa dessa corrente pode ser impactante. Já vi alguns artistas exibirem tweets de fãs durante um show, o que traz o público para dentro do palco.


Estabeleça suas regras de relacionamento


Você decide se reponde diretamente aos fãs ou não. Você pode estabelecer um contato próximo ou apenas divulgar seus shows e canções.


Na minha opinião, não acho que ter infinitos seguidores no Twitter seja tão relevante. Acho melhor só ter os muito interessados e deixar que esses façam a divulgação para você. Qualidade é melhor que quantidade.

Outra questão é sobre os posts no blog do artista. Acho que não é necessário ter nada tão importante assim. É melhor escrever pouco várias vezes que escrever muito de tempos em tempos - embora eu mesmo não aprenda com as minhas lições. Mas é óbvio que o Twitter é muito mais ágil. Eu tenho usado o Twitter para ser um blog relâmpago que complementa o do meu site, já que eu coloquei o widget do Twitter na home. Assim, quem entra na minha página também pode acompanhar o que rola no Twitter.

Goataria de saber se vocês usam e como vocês usam o Twitter.

21 de mai. de 2009

Novo programa de Canções Patrocinadas no ReverbNation - $$$

Mais um modelo de negócio que abandona o controle de venda de cópias por um sistema de gratuidade para o usuário e compensação para o artista.

O site ReverbNation anunciou hoje que 1000 dos seus quase 400.000 artistas serão escolhidos para participar de um novo Programa de Canções Patrocinadas. Isso vai possibilitar artistas independentes terem uma relação semelhante à dos artistas contratados pelas majors.

Vamos torcer para o Ultraje a Rigor entrar nessa!!!

O foco mudou da venda para novas formas de receitas – assim como na Trama – que transformem os artistas em marcas. Os artistas receberão cinquenta centavos de dólar por cada download gratuito – cada faixa terá incorporada uma mensagem publicitária incorporada na arte da capa digital que aparecerá cada vez que a canção for executada.

Os downloads serão todos em MP3 e M4A e a capa digital prossegue com o arquivo quando ele é passado da fã para fã, criando uma propaganda viral.

A primeira campanha começará no meio de junho e vai durar 90 dias. As estatísticas das bandas no site é que vão determinar os escolhidos.

Mais notícias em duas semanas. Mais informações para o programa, mande um e-mail para sponsoredsongs@reverbnation.com

20 de mai. de 2009

Festival de festivais



Da mesma forma que nos States e Europa, no Brasil os festivais também estão espocando por toda parte. Têm até uma associação, cujo site, aliás, é muito bacana.

Sobre este fenômeno, saiu na revista Bravo essa matéria aí embaixo.

No entanto, a reportagem não toca na questão comportamental/ comunitário dos festivais. Como tem sido isso? Vocês aí atrás do mouse têm alguma coisa a dizer sobre o aussunto? Já foram a algum festival por esse Brasil afora?

* * *

A nova era dos festivais


Como nos anos 60, os novos talentos da MPB explodem em shows coletivos pelo Brasil afora. Praticamente ignorado pela TV, o fenômeno arrasta um público estimado em 250 mil pessoas por ano


Por José Flávio Júnior

O editor de música José Flávio Junior apresenta
em seu podcast
as apostas para esse ano nos festivais


Exaltar a era dos festivais — onde surgiram grandes nomes da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque — é um argumento clássico dos saudosistas. Bem, agora eles não têm mais do que sentir saudade: a era dos festivais está de volta. Nunca houve tantos festivais de música popular no Brasil, nem mesmo no tempo em que Nara Leão usava saia acima do joelho e Sérgio Ricardo atirava o violão na plateia. Em geral realizados em capitais brasileiras fora do eixo Rio-São Paulo, pelo menos 38 são vinculados à Abrafin, Associação Brasileira de Festivais Independentes (sim, existe até uma entidade que reúne dados sobre o assunto). De acordo com a Abrafin, em 2008 cerca de 800 artistas se apresentaram em eventos como o Bananada — cuja próxima edição ocorrerá neste mês em Goiânia —, o Rec-Beat, em Recife, e o Calango, em Cuiabá. Estima-se que tenham reunido, ao todo, um público da ordem de 250 mil pessoas.

No essencial, os festivais do século 21 têm a mesma função dos realizados na década de 1960: revelar novos talentos. No restante, e a começar pelo fato de que não são competitivos, são completamente diferentes. Essas diferenças estão ligadas às mudanças que o mundo da música experimentou nos últimos anos. A década de 60 do século passado foi o período em que a televisão se consolidou como principal meio de divulgação de música popular, superando o rádio. Os festivais eram promovidos por emissoras como a Tupi e a Excelsior. Quando apareciam na televisão, artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque passavam a fazer parte de uma espécie de mainstream da música e, assim, conseguiam contratos com grandes gravadoras. Hoje o conceito de mainstream não existe mais. A internet vem substituindo o rádio e a televisão como principal meio de divulgação de música. As gravadoras enfrentam dificuldades financeiras, e os artistas, novos ou não, sobrevivem sobretudo de shows. É justamente esta uma das principais funções dos novos festivais: ver quem se sai bem no teste do palco.


O presidente da Abrafin, Fabrício de Almeida Nobre, de 30 anos, é vocalista da banda de rock goiana MQN. Colocou de pé seu primeiro festival porque queria um palco para tocar. O evento que ele tinha como modelo era o pernambucano Abril pro Rock, uma espécie de precursor da nova era dos festivais, que acaba de realizar sua 18ª edição. Contemporâneo do movimento manguebit, o APR revelou de cara Chico Science e Mundo Livre S/A. Em anos seguintes, deu visibilidade a grupos como Mombojó e Los Hermanos. Hoje, o festival não atravessa sua melhor fase, apresentando uma programação bastante enxuta e menos atraente do que a dos "rivais" Rec-Beat e o No Ar Coquetel Molotov, ambos sediados em Recife.

Para Fabrício, uma das principais contribuições da Abrafin foi ajudar a formatar um calendário nacional de festivais. As datas dos eventos são publicadas no site da associação (www.abrafin.org), que também explica os conceitos de cada festival e informa quem são seus responsáveis. Ainda que a crise mundial tenha empurrado para o segundo semestre vários eventos que deveriam ocorrer no primeiro, ela não ameaça a continuidade dos que já estão estabelecidos. "A melhor definição para um festival independente é: independentemente do que aconteça, ele acontece", diz Fabrício.

Para uma banda iniciante, os festivais podem ser estratégicos, uma vez que reúnem tribos distintas na plateia. O grupo de rock Móveis Coloniais de Acaju, de Brasília, resolveu em 2005 que investiria tudo nesse circuito, com os nove integrantes custeando o alto preço das viagens. A banda começou tocando, nos piores horários, em festivais como o extinto Curitiba Rock Festival. Graças a performances interativas e arrebatadoras, o Móveis foi conquistando fãs e hoje é chamado para ser a atração principal em vários eventos. Os produtos com o logotipo do grupo disponíveis nas barraquinhas vão de abridores de garrafas até espelhinhos femininos. Tanto destaque nessa cena rendeu um contrato com a gravadora Trama, que lança o segundo álbum dos brasilienses neste mês (leia a resenha na página 49).

Muitos desses festivais nasceram totalmente dedicados ao rock. Mas outras expressões musicais — muitas regionais, caso do tecnobrega e da guitarrada no Se Rasgum, de Belém, e do siriri e do cururu no Calango, de Cuiabá — foram ganhando espaço, sem alienar os adeptos do som mais pesado. É o inverso do que aconteceu nos festivais dos anos 60, cuja audiência rechaçava flertes com a "música americana". No Festival Internacional da Canção de 1968, Caetano Veloso lançou uma diatribe contra os que o apupavam durante a execução de É Proibido Proibir, em ruidoso arranjo dos Mutantes. Ficou famosa a passagem "Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês não estão entendendo nada!". Que bom que Caetano está vivo para ver que o futuro é muito melhor do que aquele previsto em seu discurso. A juventude entendeu tudo. E está fazendo acontecer.

Onde e quando
Festival Bananada. Centro Cultural Martim Cererê (rua 94-A, Setor Sul, Goiânia, GO, tel. 0++/62/212-5315), a partir das 17h. Dias 22, 23 e 24. R$ 20 (por dia). www.myspace.com/bananada

O renascimento de uma arte viva


Tradução de um artigo do Brian Eno (sim, ele mesmo!).

A indústria do disco está estagnada porque as vendas estão despencando. A tecnologia digital tornou mais fácil fazer e copiar música, resultando que a música gravada é tão prontamente disponível como água, e nem um pouco mais excitante.

Isso pode parecer uma má notícia, até que pegamos um número da Time Out. Aí você percebe que a cena ao vivo está explodindo, porque, incapazes de ganhar a vida a partir das vendas de discos, mais e mais bandas estão tocando ao vivo. Essa experiência não pode ser carregada num cartão de memória – e as pessoas estão a fim de pagar po ela, e bastante. O público dos concertos está alto como nunca: as gravações funcionam cada vez mais como anúncios para shows, e os shows se tornaram novamente a coisa real, o induplicável.

De forma similar, os festivais ao vivo têm surgido como cogumelos. Há mais deles do que nunca, e se tornaram comunidades temporárias – algo entre circos e comunas e escolas de verão, oferecendo debates politicos, oficinas, aulas de tai-chi, comédia, artes visuais, teatro, livrarias e, mais importante, a chance de pessoas se encontrarem, se medirem e trocarem ideias. A música é quase uma desculpa para a consolidação de uma nova sociedade. O que, afinal de contas, é a tarefa principal da música pop, e é bom vê-la de volta.

A duplicabilidade das gravações produziu um outro efeito inesperado. A pressão está em desenvolver conteúdo que não seja facilmente copiável – tanto que tudo que não seja música gravada está se tornando valioso para os artistas venderem. Claro que eles também querem vender sua música, mas agora eles embutirão este produto relativamente sem valor em peças dífíceis de copiar (portanto, mais valiosas). Gente que não pagaria 15 libras por um CD pagará 150 pela edição limitada com itens adicionais, fotos, booklet e DVDs. Geralmente eles já possuem a música, baixada – mas agora querem a arte. Estão comprando a arte, de uma nova maneira. Isso me sugere a possibilidade de um mercado de arte refrescantemente democrático: uma nova maneira de artistas visuais, designers, animadores e cineastas ganharem a vida. Pois quando um negócio fecha, outros abrem.

19 de mai. de 2009

Aldus Manutius e a música hoje


O software do New York Times mostrado pelo Leoni aqui embaixo parece sensacional, não? Torço para que a coisa dê certo.

O mercado editorial, em especial o jornalístico, é a bola da vez a passar pelo cataclisma que acometeu a indústria do disco. O New York Times está em situação quase desesperadora e se aguenta até 2011. Deu n'O Globo de hoje que a revista Newsweek passou por uma reformulação, oferecendo mais conteúdo, a um preço maior, mas mirando um público mais exclusivo.

O curioso é que, desde os anos 90, os jornais já sabiam que essas mudanças viriam e pensaram em mais de uma estratégia para se adaptar, sem sucesso. Uma delas era conteúdo free, baseado em anúncios. Como se vê, nem de longe compensou a queda das vendas e de anúncios da versão impressa.

Talvez um dos grandes erros deles tenha sido a suposição de que o "velho" necessariamente se adapte ao "novo". Muitas vezes não é o que acontece. As revoluções, antes de se estabilizarem, antes que uma nova ordem se estabeleça, passam por períodos de transição caóticos, confusos.

Assim foi com a invenção do tipo móvel. Uma ordem cultural inteira foi varrida do mapa, criando um estado de insegurança enorme, mas estabilizado décadas depois: o fim do poder da Igreja sobre a cultura, a ascenção das línguas vernaculares em detrimento do latim, a alfabetização, o fim de muitas certezas. É assim com revoluções: o antigo é destruído antes que o novo seja criado. Só com Aldus Manuntius (quem é designer, conhece), é que o livro passou para o formato e proporções próximas às de hoje, se tornou portátil, caiu de preço e foi popularizado.

Isso me faz pensar que o impensável às vezes pode acontecer. Tomorrow never knows. As tais cadeias produtivas podem sofrer mais mutações do que possamos imaginar. E mesmo que tenhamos uma enorme afeição pelo jornal do café da manhã (eu, ao menos, tenho), ele não é sinônimo de notícia, por mais que os vejamos como uma coisa só. E, no fim das contas, notícia de qualidade é o que realmente importa.

Vocês não acham que isso tem alguma coisa a ver com a indústria da música?

PS: O texto acima foi inspirado pela leitura deste aqui.

18 de mai. de 2009

Trama inicia transmissão ao vivo de seus estúdios


Recebi da Trama, via e-mail, a mensagem abaixo.
Hoje, a Trama dá início ao projeto Webcast, que prevê transmissões ao vivo do dia-a-dia nos estúdios. Estreando: Móveis Coloniais de Acaju com o pocket show C_mpl_te, às 16h.

Para acompanhar é só acessar: www.trama.com.br/webcast

Esse será o primeiro show da banda após o lançamento do segundo álbum (C_mpl_te), que saiu no último dia 8, pelo Álbum Virtual Trama. http://www.albumvirtual.trama.com.br
A Trama é um selo que está se notabilizando por lançar e deixar disponíveis no seu site - por algum tempo - álbuns virtuais de algumas bandas com a arte do encarte e também extras, como fotos em vídeos em alta definição. Artistas como Tom Zé (já expirado,) Ed Motta, Cansei de Ser Sexy, Macaco Bong e Móveis Coloniais de Acaju.

O que será que eles estão tramando?

17 de mai. de 2009

Conteúdo como software



O New York Times está encontrando um jeito de sobreviver que já é uma tendência: entregar conteúdo como software. Já há bandas fazendo o mesmo através dos iPhone apps.

16 de mai. de 2009

De quem é o disco?


Texto novo do Beni Borja:

Para escrever um livro só é preciso lápis e papel. Autores de livros não precisam de editoras para escrever suas obras.

Só para fabricar e vender o livro é que o autor precisa de uma editora. Por isso o
escritor é o único proprietário da sua obra.

Para fazer um disco, um artista de música necessitava de um estúdio com
equipamentos caríssimos.

Essa dependência de uma tecnologia inacessível determinou que as gravadoras
pudessem exigir a propriedade da música gravada, pagando ao artista um percentual das vendas. A mesma lógica que se aplicou ao cinema.

Esse era o negócio da música gravada: A gravadora é dona da gravação porque ela
banca os elevados custos de produção.

Com o advento da gravação digital essa lógica ficou obsoleta. Hoje, teoricamente
, qualquer um pode produzir um disco em casa.

Então, a única razão que justificava um artista ceder a propriedade da sua obra em
disco para uma gravadora, era o fato de que só ela podia lhe dar acesso aos grandes meios de divulgação. Só com o apoio de uma grande gravadora se poderia fazer sucesso de massa.

O monopólio do sucesso popular que as gravadoras detinham já era. Os sucessos
populares de hoje no Brasil, as duplas de sertanejo universitário, as cantoras de axé, os Mcs de funk, as bandas de forró e calipso, todos se criaram à margem do sistema de divulgação das gravadoras.

Alguns optam pelo conforto de serem contratados por uma gravadora, já que discos
são apenas uma parte quase ínfima do seu faturamento, outros constroem modelos de negócio totalmente independentes. Mas nenhum deles depende da gravadora para nada.

Essa nova correlação de forças exige uma nova mentalidade tanto de artistas quanto
de gravadoras , e mudar a cabeça é o mais difícil.

A indústria do livro todo dia nos dá prova que é possível ganhar dinheiro sem que a
empresa seja proprietária das obras que distribui.

Então, as gravadoras estão esperando o que?

14 de mai. de 2009

Música por streaming se populariza

A revista Época desta semana tem uma reportagem sobre a popularização de sites de música por streaming. O simples fato do assunto aparecer na revista já é um sinal importante. O crescimento de gente acessando a web via I-Phone e outros gadgets móveis só faz aumentar a tendência ao streaming, em detrimento do mp3.

A matéria foca no site brasileiro Sonora e no sueco Spotify.


Desde fevereiro deste ano o Sonora está com o conteúdo aberto, de grátis. Tem 200 mil assinantes e cresce numa base de 2.500 por dia. Isso no modelo gratuito, pois há três planos pagos, de 9,90 a 19,90 reais por mês. O plano grátis, pelo que vi, dá direito a 20 horas por mês - e anúncios entre as músicas. Nos planos pagos é possível baixar, mas ainda com os indefectíveis DRMs. A remuneração varia, mas de uma forma geral os lucros são repassados para as gravadoras de acordo com o número de vezes que a música foi ouvida. E da gravadora para o artista. Lucro? Dizem os caras do Sonora que ele é lucrativo desde o início, por ter herdado patrocinadores do portal Terra.

Eles têm um acervo até grandinho. Mas fiz uma pesquisa e não têm Beatles ou The Who, por exemplo. Estão lutando para tocar a Warner também.


O Spotify tem mais de 1 milhão de usuários só na Inglaterra e cresce a uma base de 20 mil pessoas assinantes diários. Lá já estão Caetano, Chico e até uns sertanejos. Há bons nomes de música clássica também - isso, no Sonora, nem em sonho. Uma coisa bacana é que, assim como a Last.fm, ele contextualiza os artistas, com dados sobre biografia e discografia. O Sonora não tem isso.

O site tem três pacotes de acesso. Para o Brasil só é possível acessar o último, pago.

Aqui abaixo vai uma comparação entre os recursos dos dois sites:

Acervo
Sonora: 1 milhão de músicas
Spotify: 3 milhões de músicas

Rádio
Os dois têm, mas o Spotify oferece seleção combinada de ano e ritmo.

Playlist
Em ambos as playlists personalizadas ficam memorizadas

Download
O Sonora tem planos de downloads ilimitados, o Spotify não.

Acordos com gravadoras
O Spotify tem com todas as grandes, o Sonora não tem a Warner.

Biografias e informações
Só no Spotify.

Acesso no Brasil
O Sonora tem acesso gratuito e assinaturas. O Spotify, só assinaturas.

Histórico do usuário
No Sonora, de até seis meses atrás

Manifestação contra a Lei Eduardo Azeredo em São Paulo


Hoje vai haver uma manifestação em São Paulo contra o projeto de lei do senador mineiro Eduardo Azeredo - que já passou no Senado - que estabelece o controle absoluto de todos os brasileiros em suas atividades na rede. Além de criminalizar as trocas de arquivos p2p e outras formas de "desrespeitar"a lei de direitos autorais. Todos passamos a ser suspeitos e marginais.

A pedido do Gustavo, produtor do Teatro Mágico, enviei um texto para ser lido na manifestação. Vários artistas estão colaborando nessa luta. Se estão falando em meu nome - já que sou detentor de direitos autorais -, que saibam que eu não concordo em nada com o projeto de lei.

Abaixo vai o texto:

"A Lei do Senador Azeredo é tão absurda que praticamente acaba com o uso da internet no nosso país. Como a rede é uma máquina de copias, é totalmente impossível não estarmos, de alguma forma, transgredindo a atual lei de direitos autorais. Quando lemos algo na internet estamos criando uma cópia, quando copiamos um CD que compramos para o nosso computador estamos violando a lei. A mesma coisa quando assistimos um vídeo no YouTube que não está corretamente licenciado. Ou seja, somos todos marginais. Então, se esse é o caso, a Lei já nasce morta ou temos que começar a construir mais e mais presídios para acomodar todos os brasileiros conectados na internet.

É claro que há inúmeros crimes na rede e que eles devem ser coibidos, mas essa ânsia em atender aos pedidos da indústria de entretenimento distorce o foco, que deveria ser o da proteção ao cidadão. Segundo o Senador Azeredo seremos todos marginais que têm que ser vigiados o tempo todo. Nossos provedores serão também nossos delatores. O estado policialesco terá poderes que desrespeitam nosso direito à privacidade.

Nesses tempos digitais o controle total é impossível e indesejável. Se todo o cuidado é inútil, vamos nos adaptar aos novos tempos e modificar a lei de direitos autorais na internet para garantir o direito à informação ao cidadão e alguma possibilidade de compensação ao criador. As coisas, do jeito que estão, não favorecem nem um nem outro. Só quem ganha são os advogados.

Essa Lei não é só inútil, mas totalmente contraproducente para a cultura e para o estado de direito. Senador, por favor, não cause esse mal para o país."

13 de mai. de 2009

A França aprova lei de proteção da indústria cultural e ameaça cidadãos com expulsão da internet

Os deputados franceses aprovaram uma lei , HADOPI, que condena à expulsão temporária na rede - até um ano - quem for pego trocando arquivos protegidos por leis de copyright. Serão dois avisos para suspeitos, na terceira vez, sem julgamento, o usuário será desconectado da rede.

O Presidente Sarkozy tomou essa lei como uma causa sua e conseguiu a aprovação por uma pequena margem.

Acredito na boa vontade do presidente, mas não acredito na eficácia da lei. Os problemas são muitos para ela "pegar".

O controle é cada vez mais complicado, visto que tecnologia é sempre algo fácil de burlar. Normalmente, todo controle é inútil. A pessoa pode mudar de "identidade" na internet e continuar suas atividades. Ou seja, melhor para os hackers que para o cidadão comum.

O problema é ainda mais grave porque navegar na rede se tornou praticamente indispensável para muitas pessoas. São inúmeros serviços além da troca de arquivos, como e-mail, MSN, Skype, internet banking etc. etc.

Diz-se que a lei pode fazer com que a França se atrase muito em relação à internet, por conta do controle.

Outra observação cabível é a de que todos somos infratores em algum nível. Com a atual legislação ninguém mais poderia entrar na rede. Sem nem nos darmos conta, infringimos a lei várias vezes ao dia, quando mandamos uma foto engraçada para um amigo, quando escaneamos nossas fotos de casamento, quando vemos um vídeo não autorizado no YouTube, quando repassamos um software para um colega de trabalho etc.

E alguém teria que seguir meus passos digitais o dia todo para que ficasse garantido que eu não tinha burlado a legislação de direito autoral. E eu não posso aceitar tal nível de invasão de privacidade.

Eu aqui estou torcendo para que a lei acabe não passando, mas acho que ano que vem teremos um monte de gente sendo desconectada da rede na França, tratada como marginal.

Não acredito que a indústria ganhe nem um centavo a mais com isso. Mas os advogados vão adorar!

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Texto complementar de onde tirei alguns trechos desse post:

How Long Can You Go Without Infringing On Copyright?
from the not-long-one-imagines... dept

A couple years ago, we wrote about a research paper looking at how often you infringe on copyrights in an average day to show just how ridiculous copyright law has become. Now, riffing on a recent post we did about how people take different views of copyright depending on whether they're making use of others' content or having their own content repurposed, one of our commenters has written up a blog post for Dvorak.org, discussing how hard it is to not infringe on copyrights, noting that the original system was not built for a digital world:

As copyright was originally enacted, it was next to impossible to accidentally infringe. In the good old days in order to infringe on a copyright you had to physically publish a song or a book without permission by printing it onto paper via a printing press. There was no other way to copy or infringe on a song or a book and there was no such thing as a performance right protected by copyright.

Nowadays we infringe copyrights numerous times throughout the day without even thinking about it. Watching an unauthorized SNL clip on YouTube. Playing the radio in the background at work where customers can hear. Loaning a copy of your Finding Nemo DVD to play at your kids' daycare. Downloading clip art to use in a personal scrapbook. Scanning your own wedding photos. Forwarding a funny photograph to a friend. Loaning a co-worker some software. Etc., etc., etc...

Copyright laws are so utterly pervasive in our lives that we simply cannot reasonably function without at least some innocent infringement. I personally think it'd be easier to avoid jaywalking and speeding than it would be to avoid infringing. So my question to you guys and gals, how long do you think you could last without infringing a copyright?
Indeed. It's interesting to note that some have compared copyright to speeding, but it's true that people are probably "infringing" a lot more often than they speed... and lots of people speed quite a bit.

Thru You: Kutiman remixes Youtube



Muito se fala da cultura do remix, mashups etc. Este site aí em cima é um dos troços mais radicais e bem feitos que tenho visto nessa onda. É uma ideia simples: o tal do Kutiman cuts the crap e remixa os próprios vídeos do Youtube. Como não podia deixar de ser, ele também tem página no Myspace.

12 de mai. de 2009

E aí, Leoni, parou de cantar?


Acabei de postar esse texto no meu site, mas achei que teria uma razão forte para colocá-lo aqui também. Ele exemplifica o que eu acho que é o caminho da música daqui para frente e também mostra um pouco da minha relação com os cadastrados no leoni.com.br

Essa era uma pergunta que eu ouvia muito durante os tempos em que eu fiquei sem gravar – entre 1994 e 2002. Mesmo depois - já que o “Você sabe o que eu quero dizer” era um disco independente numa era anterior à explosão da internet no Brasil -, até o lançamento do Áudio-Retrato em 2003, eu continuava a encontrar pessoas que me repetiam essa mesma pergunta. Confesso que não era fácil ouvir. Chegava a doer. Porque a conclusão era de que o meu trabalho não estava chegando ao público. E isso, para um artista, é o fim da carreira. Vira um hobby e ponto final.

Hoje, saindo da garagem, um motorista de um morador do meu prédio me fez a mesma pergunta: “E aí, Leoni, não está mais cantando?” A reação física ainda é a mesma. Rola uma certa dor e tristeza. Mas logo depois a razão se recupera e assume o comando.

Embora todos nós, artistas, tenhamos vontade de cantar para “o grande público”, além dele não ser mais o que era, ele já não é o único caminho para se ter uma carreira. A primeira coisa que eu pensei depois da reação instintiva foi pensar: “Ele não está cadastrado no site”. E me deu uma sensação muito boa lembrar que eu tenho como me comunicar com aquelas pessoas que realmente se interessam pelas canções que eu crio, e não só pelas que estão bombando no rádio.

O que se está criando - lentamente, com muito trabalho, com muito sacrifício, mas com muita criatividade e excitação – é uma classe-média artística. Antes da internet ou você ocupava os primeiros lugares da parada ou desaparecia. Agora, alcançar o topo é mais difícil – apesar do topo ser muito mais baixo que antigamente -, porque nem todas as pessoas estão olhando para o topo. Elas estão olhando para onde querem. Por outro lado, existem caminhos novos.


Acho que os objetivos de carreira têm que ser revistos – para baixo, é claro -, os prazos dilatados e a expectativa de receita diminuída. É disso que eu falo quando digo que pode estar sendo criada uma classe-média artística. Acabaram-se os jatinhos no horizonte do artista, a vida de glamour e desperdício. Essa é uma profissão como outra qualquer. E é até bom que seja assim, porque a música deve refletir os sentimentos de todos nós e se nós achamos que somos seres especiais, com direitos especiais, apartados do resto das pessoas, perdemos muito na nossa relevância para os outros.

No momento, muito pouca gente se dá conta desse processo e reclama do que foi perdido. Mas foram muito poucos que perderam e muitos já ganharam ou vão ganhar - menos do que esperavam em seus sonhos de ser artistas, mas vão ganhar. Muitos “miseráveis” artísticos terão a chance de entrar no jogo.


Fico muito grato por vocês estarem sempre por aqui, por ajudarem a divulgar meu trabalho, por irem aos shows ou reclamarem da falta deles nas suas cidades. Se eu – como muitos artistas – não parei de cantar é porque se abriu esse canal entre nós. E vocês aderiram.


Foi tudo isso que me permitiu responder:
“Claro que eu estou cantando. Entra no meu site e me acompanha por lá. Ah, tem música nova de graça para baixar.”

Sabe que parou de doer?

9 de mai. de 2009

Wikipedia x O Culto do Amador



Andando por aí, descobri esse vídeo com um debate de 28/2/2008 entre Jimmy Wales (um dos criadores da Wikipedia) e Andrew Keen (autor de O Culto do Amador).

Quem esperava um Deathmatch, deu com os burros n'água. O debate é civilizadíssimo, divertido e muito esclarecedor sobre os pontos de vista de ambos. Em alguns momentos é difícil chegar a conclusões. Às vezes eles até concordam entre si. E o Andrew Keen tem um sotaque estranho...

Para mim, alguns dos highlights da crítica de Keen - descritos aqui toscamente - são:
  • A falta de contexto e curadoria das informações expostas na Wikipedia e na internet em geral. Por exemplo, o que é mais importante: Hamlet ou Pokemon? Depende do contexto. Sem isso, não há como inferir valor (ou então, gasta-se um tempo que quase ninguém mais tem). Jornais e a mídia tradicional, com todos os seus defeitos, contextualizam melhor a informação. Por exemplo, se você conhece a linha editorial do jornal e quem escreve um dado artigo, você já começa a formar um mapa mental. A falta de contexto é grave para quem não tem tempo, educação ou ceticismo (os "media illiterates"). No caso da Wikipedia, o anonimato dos autores aprofunda ainda mais esse problema.
  • Ele também sublinha a desvalorização do criador profissional e do especialista na web 2.0, que é um grande espelho. Sites como Youtube e Google são veículos criados para colocarmos nossos conteúdos, sem remuneração. O valor econômico é vender anúncios. Se a moeda hoje é a atenção, cada minuto que passamos num desses sites é um minuto a menos num NewYorkTimes.com ou somewhere else. "It's getting harder and harder to make a living as a creative professional".
Já Jimmy Wales, otimista, defende que estamos firmemente caminhando para uma economia e profissões baseadas em conhecimento. (Minha opinião: acho que nesse caso a palavra informação é mais adequada que conhecimento. É bem diferente.) Ele concorda com Keen na necessidade de valorizar os experts, os creative professionals. Mas não especifica como nesse novo modelo.

Alguns argumentos são, hoje, óbvios - a dificuldade de remuneração do conteúdo, por exemplo. Outros, mais polêmicos. Divirtam-se e tirem suas conclusões.

Ministro da Justiça se pronuncia sobre Projeto de Lei de Controle da Internet

“O Ministro da Justiça enviou uma carta-resposta em que se compromete a trabalhar para corrigir as arbitrariedades antidemocráticas do projeto de Lei existente e pede participação social.

Trecho: “Felizmente, vieram em tempo as críticas da sociedade civil à regulamentação penal da Internet e aos problemas trazidos pelos tipos penais e pelos mecanismos de controle do projeto de lei. Pela carta que recebi, estamos claramente do mesmo lado na discussão sobre a Internet no Brasil. Ao elaborar uma nova proposta, o Ministério da Justiça estabeleceu como premissa o respeito à democratização da Internet e a necessidade de aprofundar a inclusão digital no país. Somos contrários, evidentemente, ao estabelecimento de quaisquer obstáculos à oferta de acesso por meio de redes abertas e à inclusão digital, ao vigilantismo na Internet e a dificuldades para a fruição de bens intelectuais disseminados pela Internet. A aprovação do projeto de lei no Senado demonstrou o perigo de uma legislação com esses problemas ser aprovada caso não haja reação forte e decidida dos setores democráticos da sociedade. Estamos a serviço desses setores. Por isso mesmo, a proposta que levamos à discussão foi – e ainda vem sendo – debatida no interior do Poder Executivo, em reuniões coordenadas pela Casa Civil com representantes da sociedade civil e empresas que participam da inclusão digital no Brasil”.”

Fonte: http://br-linux.org/2009/ministro-da-justica-se-pronuncia-sobre-projeto-de-lei-de-controle-da-internet/

Roger fala do ReverbNation


O Roger, atendendo um pedido meu, descreveu com detalhes todo o funcionamento do ReverbNation. São muitas ferramentas à disposição de quem quer divulgar seu trabalho na rede. Vale a pena gastar um tempo para entender o site e suas possibilidades. E desde já, queria muito agradecer ao Roger pela paciência, clareza e gentileza em dividir seus conhecimentos conosco.


O ReverbNation é uma alternativa profissional ao MySpace. É uma excelente ferramenta para a administração e divulgação de uma banda (ou um bar, um empresário, selo ou qualquer firma ligada à música). Só não é mais perfeita por causa de nossas limitações regionais, por ser toda em inglês, o que pode dificultar a compreensão de alguns de seus itens tanto para quem está montando o site como para os fãs que o usarão. Mas tirando esse pequeno obstáculo (afinal, a maioria das pessoas usando a internet tem algum conhecimento de inglês), é provavelmente o melhor que você poderá encontrar na rede.
É uma ferramenta relativamente nova, o que significa que ainda pode crescer muito. Inscritos no ReverbNation você encontrará tanto bandas iniciantes como bandas já conhecidas do público como Living Colour, Nine Inch Nails, Slayer e nós mesmos.

Explicar todo o funcionamento do ReverbNation seria muito complicado aqui. Eu recomendo uma visita ao site para entender melhor o que ele pode fazer. Adianto que o suporte deles é ótimo e que todas as perguntas feitas ao suporte são respondidas prontamente.


O site é composto de uma parte visível ao visitante e outra só acessível ao autor do site. Aqui vai uma breve descrição do que pode ser feito:


Visitante


O visitante encontrará músicas (que podem ser baixadas ou ouvidas, dependendo da configuração feita pelo criador do site), vídeos (do YouTube), letras, fotos, uma breve biografia e links para o Twitter, MySpace, Facebook e outros sites. Além disso poderá se inscrever para participar da divulgação de sua banda predileta, se assim o desejar. Ele deverá se inscrever para ouvir as músicas inteiras, baixá-las para seu computador e ter acesso a faixas exclusivas, se elas existirem. Terá acesso também ao blog do autor, notícias publicadas na Internet, acessórios para divulgação (widgets, badges e banners para colocar em seus sites ou distribuir por e-mail), agenda de shows e poderá deixar comentários.


Autor


Essa é, talvez, a parte mais impressionante do site. A quantidade de opções oferecida ao autor do site praticamente substitui (ou substituirá num futuro próximo) o apoio de gravadoras e divulgadores. Infelizmente, o próprio fã e o artista ainda têm que aprender muito para usar as ferramentas disponíveis adequadamente. Mas a gente chega lá, espero.

O Control Room, como é chamada a parte de administração do site é dividida em várias tabs e subtabs, todas com muitas ferramentas disponíveis, a saber:


Home


Um resumo do site, uma visão geral, com gráficos, sua posição nos charts do ReverbNation, Buzz (falarei disso mais tarde), link para o Twitter, agenda de shows, Feed e Premium Services (mais sobre isso depois).


My Profile


Resumo e administração de seu perfil (a parte visível ao visitante) com os seguintes subtabs, a maioria auto-explicativos:

My Profile | Artist Info | Songs and Videos | Photos | Press | Blog | Buzz Tracker | Fans | Favorites | Comments | My Links


A parte de Press, Blog e Buzz Tracker merece um aprofundamento.

Em Press, você deve escolher artigos na Internet e fornecer os links. eles serão então apresentados na primeira página num bonito applet em Flash.

O Blog, você deve fazer ou colocar um link em RSS para algum blog que mantenha.

E o Buzz Tracker é impressionante: ele recolhe notícias sobre sua banda na Internet e as exibe em seu blog (você deve configurar com as tags que te interessem). Você tem a opção de mostrar primeiro o blog ou o Buzz para seus fãs.

Também é importante dizer que toda essa informação é mostrada nos widgets que você inserir em outras páginas. Outra coisa: note a barra com a porcentagem de quanto seu site está completo, conforme você o configura. O ideal é que fique 100% completo.


Stats


Suas estatísticas, com os seguintes subtabs:


Band Equity | Visits | Plays | Listeners | Fans | Promoters | Banners | Widgets | Shows Band

Equity é um critério que o site usa para determinar sua influência sobre os fãs, critério este secreto, para evitar fraudes. Nas outras subdivisões, gráficos detalhados sobre quem visitou seu site, quantas vezes ouviram suas músicas, quais músicas ouviram, quem ouviu, quem são seus maiores fãs e quem promoveu mais sua banda. A partir dessa noção, você pode premiar seus fãs com vantagens como músicas exclusivas ou brindes para quem se esforçar mais para divulgar sua banda. Além disso tem os banners e widgets (pequenos programinhas) para você se divulgar e a seção de shows, com estatísticas sobre número de apresentações e público.


Shows


Administração de shows.

Subtabs:
Shows | Manage Schedule | Report Attendance | Gig Finder

Mais ou menos auto-explicativo. O Gig Finder é um desses casos que nossa limitação ainda não permite usar com eficiência. Como o site permite (e adiciona sozinho) páginas também para locais de apresentação, é importante que você preencha com detalhes os locais onde se apresentar. Quanto mais locais registrados, melhor. A partir daí você poderá procurar locais onde se apresentar a partir de critérios como distância, capacidade, etc. Além disso, o site mandará um e-mail para o local em questão para avisá-lo de promover a banda.


Promote


Promote | Banners | RPKs | TunePaks


Diversas opções de banners e widgets para promoção. Widgets com toda a informação, pequenos, grandes, só com agenda, só com vídeos, só com música, etc. Sensacional. RPK é um release super profissional, com vídeo, música, notas de imprensa e outras coisas. É um serviço Premium (tradução= pago) mas também é um daqueles casos em que a língua e nossas condições atrapalharão. Pouca gente vai querer mandar um release em inglês, pela Internet, para um contratante em Jequitinhonha do Deus me Livre. Já TunePaks são listas de músicas que você ou seus fãs poderão enviar por e-mail. Trata-se de um link para uma seleção de músicas escolhidas por você que abrirá um player ao ser clicado. Leve e eficiente. Convém notar que tudo que você usar será usado para definir o seu Band Equity. FanReach Outro serviço sensacional é o de chegar aos seus fãs. O ReverbNation exige que seus contatos confirmem sua adesão ao site, para evitar SPAM. Ou seja, não adianta adicionar uma lista de 500.000 e-mails escolhidos por um robot, eles só serão adicionados se desejarem, o que faz com que concordem em receber seus boletins e e-mails mais tarde.

Add Contacts | Manage Contacts | Create Email | Email History | Unavailable

Aqui você administra seus contatos e cria boletins completos sobre sua carreira para mandar para os fãs inscritos no site. Lindo e profissional. Você pode inserir a lista de seus contatos no GMail, Hotmail e outras opções. Ao adquirir um serviço Premium (de 5 a 10 dólares por mês, em média) você terá ainda mais opções de controle e boletins. Você também pode (e deve) linkar seus fãs do MySpace e do Facebook, além do Bebo (que eu, particularmente, não conheço).
Widgets Bom, widgets. Use-os!

Widgets/Apps | Widgets | Facebook Apps | Bebo Apps


Street Teams


Street Teams são as pessoas que se dispõem a ajudar a banda. Aqui você pode criar missões para eles, como distribuir widgets, arrumar mais fãs, divulgar um show, etc. Convém recompensá-los com músicas exclusivas, ingressos grátis e/ou brindes que você possa fornecer. Ao criar sua lista de músicas para por no site (no próprio Profile ou em My Profile no Control Room) você tem algumas opções como Streaming Only, Download and Streaming e Fan Exclusive. Essa última só será acessível para fãs inscritos no site, do Street Team ou não. Convém deixar algumas exclusivas. Coloque toda informação que puder ao inserir suas músicas, como links para o YouTube, letras, capa do disco, etc.


Earn Money


Quem diria, o site te dá oportunidade de ganhar dinheiro! Eu avisei que era profissional a coisa.


Earn Money | Fair Share | StoreLinks | Retail Links Widget | SongVest

Aqui você tem a oportunidade de ganhar dinheiro. Você deve se inscrever em Fair Share para ganhar dividendos da propaganda que seu site gerar. Depende de quantas visitas seu site tiver. De qualquer forma, como o nome diz, é sua parte justa dos lucros que seu site gerar para o ReverbNation. Mesmo que pouco dinheiro (ou muito se você tiver milhares de visitas), é a sua parte. Além disso, outras oportunidades incluem links para lojas que vendam seu disco ou sua mercadoria e a oportunidade de colocar sua música à venda, em ações, como na bolsa de Valores, como fez David Bowie, por exemplo.


Distribution
Releases | Sales Reports

Esse é um dos Premium Services. Por 34 dólares anuais, você pode colocar sua música à venda nos principais sites de distribuição no mundo, como Apple, Amazon e outros. Os lucros serão 100% seus. Pode também enviar seus releases. Sales Report é o resumo de suas vendas.

My Account


My Account | Bank | Manage Premium Services | Preferences | Messages

Administração de sua conta, como troca de senha, suas informações, etc. E o Bank, onde você acompanha seus lucros, idealmente... :-)
Isso tudo é só um breve tutorial das inúmeras possibilidades do ReverbNation, que eu espero que venham a ser ainda mais úteis à medida que mais brasileiros comecem a usá-lo.

Roger é guitarrista e compositor do Ultraje a rigor, www.ultraje.com

8 de mai. de 2009

Nossos jovens transformados em marginais


Comecei a ler o e-book “Remix” do Lawrence Lessig – um professor de Direito em Stanford – e logo me deparei com algo que me tocou muito e que nunca tinha me ocorrido: se é ilegal trocar arquivos digitais pela internet mas todos os jovens o fazem, como resolver esse problema moral? Ou ainda pior, que plataforma moral vai sustentar nossa juventude? Se eles percebem que a ilegalidade não é tão problemática, que outros tipos de ilegalidade vão achar aceitáveis?

A lei tem que se adaptar aos costumes para não virar algo descartável. É o mesmo caso do sinal de trânsito à noite. Se ninguém respeita o sinal nesse horário ele passa a não ser visto como algo obrigatório. Em algumas outras ocasiões – “não vem ninguém...” ou “ninguém está olhando...” - ele acabará sendo desrespeitado, já que é uma decisão pessoal e não uma regra definitiva. Nesses casos o melhor é deixar o sinal piscando à noite. Aí temos uma diretriz clara: o sinal vermelho deve ser sempre respeitado. Não há espaço para subjetividade.

É isso que a atual lei de direitos autorais acaba gerando, uma sensação de que obedecer ou não à lei é uma decisão de foro íntimo. Afinal, todo mundo faz. Não nos adaptarmos aos novos tempos pode estar empurrando nossa juventude para uma posição flexível em relação ao estado de direito.

E no momento, na ótica da lei, são todos considerados marginais, comparáveis a traficantes e piratas reais. E o pior, eles não estão nem aí.

Como pai, acho fundamental que esse assunto seja debatido além dos interesses dos detentores de direitos autorais. E não estou dizendo que não acredito em propriedade intelectual. Eu fui um dos grandes beneficiados por esse sistema legal. Até hoje tenho uma boa arrecadação de direitos de execução pública por conta do tamanho e do sucesso da minha obra. Há muita coisa boa, mas muitas outras já não fazem sentido e são ruins para a convivência em sociedade.

Advogados e legisladores, manifestem-se!

Mais sobre O Culto do Amador

Recebi esse texto do Leonardo Morel que, além de músico, está fazendo sua tese de pós-graduação sobre os novos modos de se consumir música. Ele acabou de ler "O Culto do Amador" do Andrew Keen - já citado outras vezes aqui - e fez uma pequena análise do livro para nós.

O CULTO DO AMADOR

Em “O culto do amador” (Rio de Janeiro, editora Zahar, 2009), Andrew Keen defende que o modelo de democratização adotado pela internet nos dias de hoje, também conhecido como Web 2.0, contribui para a degradação da sociedade do século XXI. Segundo ele, a Web 2.0 daria poder de voz a indivíduos sem especialização, definidos por ele como “amadores”, e acarretaria o declínio de nichos mercadológicos como a indústria fonográfica e a imprensa especializada.

Na visão dele, plataformas como Myspace, Wikipédia e Youtube são responsáveis pela degradação de valores culturais e pela eliminação de postos de trabalho de profissionais e especialistas.


Em períodos de mudança é natural que algumas pessoas glorifiquem o passado, idealizando-o como parte de um território seguro onde não havia problemas e todos eram felizes. Atualmente encontramos frequentemente essa posição sendo defendida por indivíduos dos mais variados segmentos profissionais que enxergam esse momento de transição como a realização do caos.


Ora, o homem cria a tecnologia e essa transforma a sociedade, sempre foi assim. A busca pela inovação tecnológica faz parte da história humana e é inevitável que produtos e processos muitas vezes tornem-se obsoletos e simplesmente desapareçam com o tempo.


Numa perspectiva unilateral, o autor parece ignorar os benefícios que plataformas como Myspace, Youtube e Wikipédia geraram paras as pessoas, não conseguindo assim entender os motivos pelos quais tais iniciativas foram tão bem sucedidas nos dias de hoje.


Estamos vivendo num período marcado por inúmeras mudanças na sociedade causadas pelo impacto do processo de inovação tecnológica. A internet, creio eu, ainda necessita de diversos ajustes como uma regulamentação que seja formatada nos moldes atuais e que proporcione o equilíbrio entre os interesses tanto da sociedade quanto os corporativos.


Mesmo assim acho válida a leitura desse livro. Acredito que ele contribui para um debate que ainda está longe de acabar quando o assunto é internet e creio ser importante ouvir (ou ler) os diferentes pontos de vista.


Léo Morel
leonardomorel@gmail.com
http://www.myspace.com/leomorelrj

6 de mai. de 2009

Será a ponta do iceberg musical?


Parece que estamos começando a descobrir outros artistas que estão obtendo algum resultado com táticas alternativas de divulgação e distribuição de música. O Roger do Ultraje vai escrever um texto sobre o que eles andam fazendo no ReverbNation – que ele está adorando -, quero um depoimento do Teatro Mágico – que faz muito show, onde aproveita para vender muito CD, tem um super esquema de merchandising e dá músicas na internet - e, por indicação do Beni, vou procurar saber mais sobre o Móveis Coloniais de Acaju.

Alguém tem mais alguma dica?

Não precisa ser um estouro, mas tem que ser alguma ideia diferente que ajude a manter e esquentar a carreira da banda ou do artista.

Só quero saber se esses casos são a ponta do iceberg ou honrosas exceções.

4 de mai. de 2009

Mais sobre Trent Reznor e mais sobre bandas novas

Para quem já viu o vídeo do MIDEM esse é um complemento que inclui soluções para artistas novos.
Quem tiver mais dicas sobre como se financiar nos dias de hoje sendo músico, está já convidado a postar.
Em breve quero postar um texto sobre O Teatro Mágico, uma banda 2.0. Ela não existe no mainstream e sobrevive luxuosamente agradando apenas seus fãs.
Alguém aqui conhece?

Bem vamos ao vídeo:

Leadership Music Digital Summit 2009 - Mike Masnick keynote address, 3/25/09 from Leadership Music Digital Summit on Vimeo.